Valor é um conceito que necessariamente precisa ser contextualizado e mensurado de acordo com quem avalia.
De Karl Marx a pensadores contemporâneos, vimos o tema valor sendo contextualizado a partir de variáveis como uso, troca, utilidade, finalidade, percepção e benefícios, dentre outros.
Adam Smith propõe a análise de valor como a habilidade intrínseca de um produto oferecer alguma utilidade funcional. Já no conceito moderno, dado pelo marketing, o valor de um produto é dado pela expectativa do consumidor quanto aos benefícios esperados ou recebidos com sua aquisição/uso.
Valor é, portanto, um composto de atributos tangíveis e intangíveis intrínsecos ao objeto. Fato é que uma parte significativa do que pode ser mensurado concentra-se em atributos intangíveis que compõem o preço final de um bem ou serviço; porém, não se sabe inicialmente em qual proporção, uma vez que são de natureza intangível e tem seu valor atribuído por terceiros.
No mundo empresarial mais amplo – o valor de uma empresa, partes dela ou de seus ativos – a regra também se aplica.
Em função da abordagem de mensuração podemos destacar alguns modelos em voga tais como:
Contábil -> A partir da alteração da legislação societária brasileira promovida pela lei Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, o Ativo intangível deve figurar no Balanço Patrimonial das empresas como subgrupo de Ativo não circulante somente se seu valor for mensurado com segurança,se os benefícios gerados por este ativo em favor da entidade forem comprováveis e se, a partir dos critérios supracitados, este seja identificável e separável do patrimônio da entidade passível de ser vendido, transferido, alugado, etc.
Os ativos intangíveis passarem a formalmente figurar nos balanços patrimoniais já é uma prova clara do reconhecimento de seu valor; porém, a forma como a contabilidade trata o assunto, dadas as suas características e formalismos (necessários para a atividade), acaba por capturar apenas uma parte financeira relacionada aos investimentos e projeções de ganhos futuros para as categorias elegíveis como intangíveis em seus balanços. Entendemos que essa medida se mostra um passo relevante, mas ainda não representa a totalidade do valor que pode ser extraído dos ativos intangíveis.
Econômica-> Fundamentada no valor de mercado de uma empresa, onde a diferença entre os ativos tangíveis identificados e seu valor de mercado aponta para o valor dos ativos intangíveis. Entendemos que a volatilidade do valor decorrente da diferença entre o valor de mercado e o patrimônio líquido (contabilizado no balanço) está primordialmente relacionada à capacidade e eficácia da comunicação, relacionamento e transparência passadas pelas empresas a seus principais agentes de relacionamento. Porém, fumaça sem fogo dura pouco, ou seja, intangíveis sem resultados tangíveis não passam de modelos e/ou potenciais resultados projetados.
Gestão -> De forma muito similar aos modelos que se utilizam de scorecards que mensuram o desempenho de atividades, funções e processos por meio de indicadores, esta abordagem proporciona uma visão mais completa, gerencial e de impacto nos resultados tangíveis causados pela correta gestão e eficiência no tratamento dos diversos ativos intangíveis, como Marca, Tecnologia, Inovação, Relacionamento, Conhecimento, dentre outros.
Via de regra, a mensuração de ativos intangíveis deve ter em seu chassi metodológico uma régua comparativa fundamentada nas expectativas e percepções dos stakeholders diretos e indiretos de sua cadeia de valor. O real valor aportado é uma combinação entre o percebido e o entregue e entre o esperado e o percebido.
A abordagem a ser implementada para a mensuração e gestão de um determinado ativo intangível varia conforme seu objetivo, que por sua vez deve ser coerente com as expectativas de seus públicos (especialmente os clientes e acionistas), uma vez que os resultados devem ser claramente percebidos e tangibilizados em métricas de desempenho.
A principal função de um modelo de mensuração e gestão de ativos intangíveis é a de gerir o gap existente entre percepções e constatações dos clientes e demais stakeholders impactados frente as promessas e propostas de valor das empresas.
A evolução do processo de tangibilização e comunicação do valor gerado pelos ativos intangíveis, antes não reconhecidos ou sub-valorizados, aumenta a consideravelmente a composição final de seu valor (valor tangível + valor intangível).
Gerir esta outra “metade” do valor corporativo – a intangível – eficazmente, identificando e mensurando seus impactos e relevância para a consecução da estratégia e diferenciação competitiva da companhia, sem sombra de dúvidas permite a geração de resultados indiscutivelmente tangíveis.