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Falar de Stephen Hawking é chover no molhado. Em seu livro “Universo numa Casca de Noz”, o autor do cultuado “Uma Breve História do Tempo” procura trazer ao conhecimento do leigo uma série de conceitos (alguns experimentados, outros não, alguns provados, outros hipotéticos…) sobre o que tem pesquisado no campo da Física.

Hawking é um eterno curioso. É daqueles que acha mais importante viajar com esperança, do que chegar. Por isso, talvez, sua incansável busca por contestações, tanto dos outros como de si próprio.

Em “O Universo numa Casca de Noz”, ele aborda questões aparentemente inúteis como Supergravidade em 11 Dimensões, Buracos Negros, Supercordas, Membranas com 10 Dimensões, Relatividade Geral, Mecânica Quântica, Teoria-M e P-Branas, dentre outros. Palavrões? Ao mais desavisado sim, mas com a leitura do livro, teses como a do Surgimento do Universo (Big Bang e afins) e da Bomba Atômica são didaticamente explanadas, a partir de analogias, considerações e anulações de teorias anteriores. E cabem direitinho no nosso dia a dia.

A história da Física, sua evolução, correntes e pensadores, são, quer queira, quer não, analogias interessantíssimas ao universo dos negócios.

Podemos, como ponto de partida para nossa proposição – Universo em Expansão, Mercados em Expansão – citarmos o dilema do éter que a tudo permeava e a inconsistência deste conceito com a movimentação da luz. Segundo Einstein, se uma pessoa não consegue detectar se está ou não se movendo no espaço, então o conceito de éter é supérfulo. E conclui que a velocidade da luz independe do movimento dos observadores, sendo a mesma em todas as direções.

Segundo a teoria da relatividade, somente o movimento relativo entre os observadores é importante, pois a velocidade da luz é constante. Cada observador tem, portanto, sua própria medida de tempo. Ou seja, por analogia, trazendo para o universo dos Mercados, nossa dedução é que o Mercado é o mesmo a todos os competidores em movimento livre. Porém, quando analisamos a relação entre dois competidores num mesmo mercado, encontramos a diferença do que é Mercado para eles.

O ponto aqui é que se a velocidade da luz deve parecer a mesma para todos, então nada pode se mover mais rápido que ela. Ocorre que quando a energia é utilizada para acelerar qualquer coisa, seja uma partícula, seja uma aeronave, seja uma empresa (enquanto objeto), sua massa aumenta, tornado-a ainda mais difícil de acelerar. Ou seja, acelerar uma partícula até a velocidade da luz acabaria sendo impossível, pois consumiria uma quantidade infinita de energia. Assim, Einstein chegou ao e=mc2.

A evolução da Teoria da Relatividade foi a Teoria da Relatividade Geral, que postulava o conceito de espaço-tempo curvo. Einstein concluiu que há uma estreita relação entre aceleração e campo gravitacional. Porém, essa relação não funcionaria bem se a terra, por exemplo, fosse plana. Nesse caso, tanto faria dizer que a maçã caíra na cabeça de Newton graças à gravidade, ou que ele e a terra aceleraram para cima, no sentido da maçã. Assim, Einstein percebeu que essa correlação só seria possível se a geometria espaço-tempo fosse curva, e não plana. Essa teoria transformou espaço e tempo de um palco passivo, onde os eventos ocorrem, a participantes ativos na dinâmica do Universo. O Universo e em micro-escala os mercados estão repletos de matéria, de agentes-matéria. Essa matéria toda deforma o espaço-tempo de tal maneira que os corpos são atraídos uns em direção aos outros. Em mercados, concluímos, isso é competição. O mercado, espaço-tempo, portanto, é curvo, e não plano, é cíclico, e não seqüencial. E sofre tremendamente o impacto da relação espaço-tempo.

Essas observações levaram Hawking a concluir que o Universo está expandindo, e não em estágio de inércia. A evolução do Universo é, em suma, função do espaço-tempo e não só do tempo. Se isso é verdade, então as galáxias, distantes, evoluem para ficarem mais distantes ainda entre si. Isso quer dizer que no começo, deveriam estar mais próximas, quase sobrepostas, numa situação de densidade/concentração absurda.

Os mercados são micro-sub-conjuntos do Universo, sujeitos a ele e dele formadores. Se o universo expande, os mercados, em tese, também expandem.

Nossa idéia, portanto, é  que criar espaços nos mercados significa também ganhar tempo, para poder expandir. E espaços não são mais físicos somente; virtuais também. Expandir para ficar mais distante ainda dos competidores, como as galáxias.

Com a teoria do Big Bang, Hawking assume que o Universo, o tempo, teve um começo.

O problema de Einstein foi achar que não havia essa origem. O ponto é que as equações da Teoria da Relatividade Geral não se aplicam nem no momento do Big Bang e nem no final dos tempos. Hawking provou que o buraco negro não aceita a noção de tempo. E buracos negros são, em suma, estrelas mortas, de grande massa, incapazes de gerar calor suficiente para contrabalançar sua força de gravidade, que tenta comprimi-las. Essa inadequação na teoria de Einstein só fez piorar com o surgimento da Física Quântica e seu conceito de que partículas minúsculas não possuíam posição e velocidade simultaneamente definidas. A imprevisibilidade e o caos afligiram Einstein sobremaneira.

Segundo o positivismo de Popper, se as previsões concordam com as observações, a teoria é boa. Por outro lado, se as observações discordam das previsões, a teoria deve ser mudada. Em outras palavras, contra fato não há argumento.

É aqui que a analogia Universo X Mercado que estamos desenvolvendo neste texto começa a ser enriquecida, pois é aqui que começa, de fato, o trabalho de Hawking, primeiro entendendo a conciliação da Física Quântica com a Teoria Geral da Relatividade de Einstein e, depois, lançando seus próprios conceitos.

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