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Assim como a digitalização da música alterou drasticamente o panorama da indústria fonográfica, o potencial de novas tecnologias que permitam a virtualização e intangibilização (bits e bytes) de produtos e serviços que atualmente não imaginamos possíveis fará o mesmo com vários setores que parecem imunes.

Trazemos alguns destes exemplos da evolução da experiência sensorial através da Internet, apontando o que acontece hoje em diversos campos do conhecimento e promete revolucionar a forma como usuários interagem com conteúdos e clientes com empresas.

Dos 5 sentidos, o olfato e o tato são os sentidos mais próximos de se juntarem à visão e audição (já saturadas de tantos estímulos) no mix de estímulos e experiência remota – uma vez que o paladar é um dos sentidos menos exploráveis remotamente (comer um material tecnológico qualquer que simule o sabor, textura e temperatura de um alimento não parecem muito atrativo ou saudável…). Ainda, a intuição sempre será o 6º sentido.

Entre olfato e tato, sentir cheiros e odores está mais próximo de nossa realidade. Em teoria, um cheiro possui sua própria essência e características individuais que poderiam ser decodificadas em linhas de bits e bytes (assim como o DNA humano) e replicadas por um device tecnológico online através da combinação de água com dosagens dos elementos essências dos odores (moléculas-base como citosina, timina, guanina e adenina do DNA, por exemplo), no mesmo modelo de uma impressora.

Imagine qual seria o impacto na indústria de produtos de Higiene e Beleza se cada indivíduo possuísse seu “personal-aromatizer”? Como se comportaria o consumidor frente à possibilidade de experimentar um perfume enquanto compra pela Internet? Melhor… Imaginemos a consumidora assistindo a um filme pela Internet e, no momento em que a celebridade de Hollywood aparecer na tela, ela sente o aroma de seu perfume e tem a opção de clicar na tela e adquiri-lo. Ou ainda, e se o jantar íntimo que ela terá em algumas horas não puder esperar a entrega do frasco de seu perfume predileto e ela adquirir somente uma borrifada do “cheiro” do perfume (sim, cheiros de perfumes vendidos como serviço ou a granel), na medida suficiente para o evento tão especial.

Viagens e ficção científica à parte, já existem a alguns anos protótipos e experiências bem sucedidas de transmissão remota de cheiros, por empresas japonesasbritânicasuniversidades, etc. A era em que a água da torneira se transforma em perfume Channel Nº5 com um click, pode realmente estar próxima.

Entretanto, na guerra por encantamento experiencial de clientes (e ganhos polpudos com isso), se uma brisa de aroma não for suficiente, o toque pode ser a arma final para empresas proporcionarem the ultimate experience.

Apesar de limitada a aplicações técnicas específicas, como o desenvolvimento de protótipos, atualmente já é possível se adquirir uma impressora que reproduz objetos em 3 dimensões. O material utilizado é o plástico e, através de arquivos com mapas tridimensionais de objetos, a impressora pode criar de bonecas para crianças a peças para reposição de produtos quebrados (como a carcaça de um celular).

A prática é a mesma que já existe em diversos setores, como o do surf, onde uma prancha de surf desenvolvida por um shaper (artesão) pode ser digitalizada e replicada ad-eternum e em qualquer local através de uma máquina que entenda os códigos registrados.

A evolução das tecnologias do tato para novas texturas, padrões, formatos, formas, etc encontra seu único limitador no conceito da proporção: para produzir objetos maiores, como uma cadeira, as impressoras 3Dtambém terão de engrandecer. Um impeditivo para a domesticação de tais tecnologias, mas uma oportunidade para novos modelos de negócio.

Ao mesmo tempo em que estas tecnologias do futuro alçarão a experiência dos usuários para patamares superiores de envolvimento e imersão, elas ainda não serão suficientes para substituir a interação e o relacionamento humano, de corpo presente (o hi-tech sendo enriquecido pelo hi-touch).

Apesar de já ser possível fazer até sexo pela Internet (de verdade, não virtual), através do uso de equipamentos interconectando qualquer usuário (a) a outro usuário (a) (s), realçando a troca de emoções, sensações, sentimentos, etc, o próprio calor do relacionamento humano dificilmente será substituído.

Apenas um parêntese: a tendência do Virtual Sex tem até nome: Teledildonics e é tão ampla quanto se possa imaginar. Caso tenha interesse em se aprofundar no tema, acesse a seção de posts temáticos do Gizmodo.

Conforme novas tecnologias surgem e permitem a digitalização de produtos e serviços, o Capital Intelectual (expresso como conteúdo digitalizado, registros e patentes, direitos autorais, etc) deve se tornar o principal ativo de empresas e de seus geradores – os indivíduos EU S.A.

Porém, o Capital de Relacionamentos (o modelo de troca, interação e relacionamento entre a empresa e seus stakeholders, principalmente os clientes) dificilmente poderá ser emulado de forma convincente por máquinas.

Apesar de a experiência multissensorial ser a tendência on-line e offline, a qualidade do relacionamento humano ainda será o diferencial que impera.

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