Andrew W. Savitz, autor de “A Empresa Sustentável”, define sustentabilidade como a arte de fazer negócios num mundo interdependente. Para ele, como para John Elkington e tantos outros, a empresa sustentável de verdade gera lucro ao mesmo tempo em que protege o meio-ambiente e melhora a vida das pessoas com quem mantém relações.
Não existe empresa bem sucedida em sociedade falida. Lucratividade, competitividade e produtividade não podem estar dissociadas da sustentabilidade, principalmente no meio empresarial. Com este novo mind-set, o conceito de sustentabilidade se tornará cada vez mais valorizado pela sociedade e se transformará num modelo para as empresas agregarem maior valor aos seus acionistas, principalmente no longo prazo. Sim… no longo prazo.
Temos dito que o mercado de capitais – Wall Street em sua máxima expressão – precisa aprender a recompensar o crescimento duradouro, em vez de apenas superar as expectativas para o próximo trimestre (a famigerada ditadura do próximo quarter).
Essa mudança de “jeito de ser”, de forma mais integral, levará tempo, mas acontecerá, porque é lógica e necessária. No fundo, todos reconhecemos e tememos, em maior o menor grau, as ameaças do que temos plantado nos últimos 100 anos. No fundo, todos ainda queremos viver juntos no planeta Terra durante muito tempo e, para que ele exista ao longo do tempo – pelo menos de forma habitável, teremos de mudar nossa visão de mundo e práticas de quotidiano, inclusive de pensar e fazer negócios.
Essa mentalidade de longo prazo, na qual muito do conceito de sustentabilidade se baseia, torna-se cada vez mais crítica e nítida nas decisões mundo corporativo. Já não é novidade que as empresas sustentáveis têm maiores chances de gozar de vida longa, pois tendem a ganhar a preferência dos consumidores, manter boa reputação, controlar melhor seus riscos, proteger mais valor e enfrentar menos problemas na justiça e em órgãos de fiscalização, uma vez que prezam o bom relacionamento com seus stakeholders.
Os investidores, por sua vez, passam paulatinamente a considerar aspectos como responsabilidade social e ambiental, transparência e alinhamento de interesses entre acionistas controladores e minoritários na hora de analisarem as empresas para fins de investimento e tomarem suas decisões.
De fato, valorizar empresas sustentáveis pelo simples fato de não serem uma ameaça à nossa sobrevivência é obrigação de cada um de nós como consumidores, trabalhadores, cidadãos e acionistas/investidores.
A ganância poderá ser a sentença de morte para as empresas. As pessoas estão atentas, mais interessadas no que interfere na melhor qualidade de vida do planeta, no bem comum. Isso explica porque um consumidor, cada vez mais, rejeitará um sapato produzido a partir do trabalho infantil ou um automóvel cuja produção agrediu determinada comunidade. Ou até mesmo escolherá um destino para sua viagem.
Trazer a certeza da preservação da vida, da nossa vida no futuro, a valor presente é a única decisão econômica imperativa a todos os agentes econômicos. No ecossistema global essa é uma ameaça comum a todos. E por isso faz sentido o esforço integrado e conjunto para dirimir-se este risco.
Sustentabilidade é uma causa e uma prática evolutiva. É a defesa do futuro da vida. Como tal, não é esforço de um, nem assunto para amanhã.