Idéia Sustentável 26/08/2010
Por Daniel Domeneghetti
Acirramento competitivo exige modelos estratégicos que tornem os negócios cada vez mais verdes no longo prazo
Podemos definir gestão como um conjunto de atividades que visam orquestrar todos os recursos disponíveis a fim de garantir que os resultados pré-definidos (objetivos) sejam alcançados. Cabe ao(s) gestor(es) aplicar os melhores modelos e abordagens para que os processos decisórios sejam embasados na racionalidade e fundamentados em dados e informações quantitativas e qualitativas confiáveis, provendo a otimização dos recursos disponíveis com o máximo ganho para todos os stakeholders relevantes.
Via de regra, para uma empresa realizar uma gestão adequada necessita de Pessoas, Processos e Planejamento. Apesar de alguns modelos de gestão terem se disseminado e conquistado a confiança de empresas de renome e de conceituados executivos, temos diversas adaptações decorrentes de particularidades específicas de negócios fundamentadas na capacidade de entendimento do contexto em que a empresa está inserida, derivando modelos mais evoluídos e/ou adaptados às condicionantes que afetam a realidade atual e projetada dos negócios.
Uma empresa sem gestão é um barco à deriva, solto ao acaso, sem a capacidade de agir de forma organizada e pró-ativa para superar os obstáculos e desafios que, certamente, virão ao seu encontro. Modelos de gestão visam, primordialmente, a adoção das melhores práticas na administração de recursos disponíveis e escassos, fornecendo um “guia” do que se pode e deve fazer face aos desafios, variáveis e exigências competitivas (qualidade, diferenciação, performance, resultados, valor, etc) requeridas por acionistas, clientes, executivos, funcionários, comunidade e demais stakeholders.
Uma vez que o ambiente de negócios está em constante mutação, faz-se também necessário que os modelos de gestão evoluam, mudem, inovem, se adaptem às novas exigências impostas por fatores exógenos, ou até mesmo se reinventem, a partir de movimentos e determinações internas capazes de criar diferenciais competitivos antes de seus concorrentes. O acirramento da competição exige das empresas modelos estratégicos e práticas gerenciais que tornem seu negócio cada vez mais sustentável no longo prazo.
Cobranças advindas da sociedade decorrentes de uma maior conscientização acerca do papel social e ambiental exercidos pelas empresas acabam por agregar novas responsabilidades aos modelos de gestão tradicionais, antes mais focados em aspectos econômicos e financeiros.
Como principais representantes das novas demandas de gestão corporativa impostas pelos agentes externos de relacionamento, em âmbito global, destacam-se a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e a Sustentabilidade.
A Responsabilidade Social Corporativa pressupõe ações e políticas corporativas focadas na ética, na qualidade e transparência das relações com os stakeholders e na geração de valor para acionistas e sociedade como um todo. Tal abordagem traz como benefícios a valorização da imagem institucional, da marca, maior lealdade e afinidade com seus agentes de relacionamento, assim como maior capacidade de recrutar e reter talentos, flexibilidade e capacidade de adaptação e longevidade, dentre outros.
Por outro lado vivemos em um ambiente simbiótico com consequências diretas das ações praticadas. Esse sistema se auto-alimenta, constituindo um ciclo virtuoso que prescinde de um alinhamento e comprometimento entre todos os stakeholders diretos e indiretos acerca de premissas sustentáveis de gestão.
A sustentabilidade corporativa, (ou desenvolvimento sustentável), é pautada no equilíbrio e ponderação dos esforços dispensados para a construção de uma operação baseada nos pilares do triple bottom line (econômico, social e ambiental), podendo ser definida como o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
Mais do que uma inovação em modelos de gestão corporativa, com estes modelos – principalmente a sustentabilidade – temos uma evolução adaptativa e madura no conjunto de práticas tradicionais (visão, premissas, objetivos, metas, etc) da gestão de organizações, imposta pela crescente conscientização do papel que as empresas devem assumir em seus mercados para que possam atingir níveis competitivos cada vez mais sólidos, perenidade competitiva e diferenciação relevante, almejando crescente evolução no valor gerado para si mesmas (acionistas, colaboradores, etc), bem como para seus stakeholders externos e seu entorno/meio-ambiente.