Monitor Digital – Junho, 2016
Promon lidera ranking de construtoras que mais geram valor a stakeholder; Cyrela é vice
Apontamentos como 400 mil demissões em 2015, retratação de 6% nas vendas e queda de 98% do lucro nas empresas abertas somente no primeiro trimestre do ano passado foram alguns dos fatos que tornou 2015 um período de crise sem precedentes no mercado brasileiro de construção civil.
O valor é materializado a partir da interação das empresas com os diferentes públicos, em cada ativo, podendo ser tangível como resultados financeiros e desempenho da companhia ou intangível como reputação que é fruto da credibilidade e imagem conquistada.
Para avaliar a capacidade das instituições em gerar e proteger valor não apenas para si, mas também para seus clientes, consumidores, acionistas, funcionários e sociedade, a DOM Strategy Partners, consultoria 100% nacional focada em estratégia corporativa, mais uma vez desenvolveu o ranking MVP (Mais Valor Produzido) Brasil – Engenharia e Construção. A listagem contém as cinco companhias do setor que mais geram valor a partir da percepção, avaliação e recomendação de seus stakeholders.
Os impactos da crise são retratados nos números da pesquisa deste ano, que revelou médias abaixo da última listagem. Como é o caso da primeira colocada Promon, que aparece no ranking com 7,58, três décimos a menos do que no ano passado, na qual teve 7,84. A Cyrela, ocupante do terceiro lugar em 2014, com 7,65, surge com uma pontuação menor, porém subiu uma casa, conquistando o segundo lugar com 7,41. A seguir vem a estreante Gafisa com 7,33. A Tecnisa, vice-campeã do ano passado com a média 7,71, desceu dois pódios e figura na quarta posição com 7,21. Já a MRV, surge pela primeira vez no MVP com 7,14, ocupando, dessa forma, o quinto e último lugar.
Medido de 0 a 10, o estudo avaliou ativos como eficácia da estratégia corporativa, crescimento evolutivo, valor das marcas, qualidade de relacionamento com clientes, governança corporativa, sustentabilidade, gestão de talentos, cultura corporativa, inovação, conhecimento, grau de transformação e uso das tecnologias digitais, dentre outros.
– O MVP Engenharia e Construção tangibilizou indicadores que reverberam em credibilidade aliada à imagem positiva, sistema de gestão robusto e eficácia do motor competitivo para entender como as construtoras se comunicam, constroem e mantêm a capacidade de gerar e proteger valor aos seus diferentes públicos mesmo diante da crise -diz Daniel Domeneghetti, CEO da DOM Strategy Partners.
Para viabilizar a pesquisa, a consultoria se apoiou na metodologia EVM (Enterprise Value Management), corrente que defende a tese de que o valor produzido pelas empresas, tanto gerado, como protegido, seja este tangível ou intangível, é agregado (ou destruído) e materializado (quantificado) em função da percepção de valor apreendida e tangibilizado pelos stakeholders.
Queda no PIB do setor deverá aumentar nos próximos meses, diz sindicato
No primeiro trimestre de 2016, o PIB da construção registrou retração de 1% na comparação com o trimestre anterior, já desconsiderando os efeitos sazonais, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Ou seja, a melhora observada no último trimestre de 2015, quando houve crescimento de 1,5%, não se sustentou.
Para o vice-presidente de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Eduardo Zaidan, não haverá melhoras no setor no curto prazo.
– Esse cenário é resultado da instabilidade política, aliada a falta de confiança dos investidores na economia. Nos próximos meses não teremos mudanças significativas, pois novas medidas demoram a fazer efeito. A principal tarefa do governo é reverter esse quadro de economia ainda este ano. E que se tome medidas efetivas para que isso aconteça – afirma.
O SindusCon-SP projeta uma decréscimo de 5% no PIB da construção para este ano. Em 2015 a redução foi de 7,7%.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2015, o PIB setorial encolheu 6,2%. Vale notar que em 2015, nesta mesma comparação a queda foi de 8,3%, portanto, a comparação está sendo feito com uma base deprimida. Com este resultado, a retração do PIB da construção acumulada em quatro trimestres atinge 7,1%. Esse resultado é ligeiramente inferior, portanto, à queda verificada no ano de 2015 (7,6%).
Para o SindusCon-SP, essa deve ser uma tendência ao longo dos próximos trimestres, ou seja, a comparação com uma base já bastante deprimida vai contribuir para uma taxa acumulada menor ao longo do ano.
– A piora na comparação com o trimestre anterior mostra que a atividade segue encolhendo, o que tem sido confirmado por outros indicadores como emprego, produção física de insumos da construção e comércio varejista de materiais – ressalta Zaidan.
Outro ponto que deve ser destacado é que os indicadores de atividade mostram uma retração mais severa na produção formal da construção em relação a produção de pequenos empreiteiros ou das próprias famílias. Enquanto o número de empregados com carteira registrou queda de 14,1% na comparação do primeiro trimestre com o mesmo trimestre de 2015, a Pnad contínua aponta apenas uma pequena retração de 1,18% no total de ocupados na construção nessa mesma comparação.
Em valor, o PIB da construção alcançou R$ 78,9 bilhões, o que representou 5,35% do PIB brasileiro. No primeiro trimestre de 2015, essa relação era de 5,71%.
A formação bruta de capital fixo encolheu 17,5% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
– Isso é o mais preocupante em termos de saúde futura da economia brasileira. O governo deve tomar todas as ações possíveis para melhora desse ponto, pois esse é o principal indicador que não teremos crescimento na frente. A construção é um setor crucial para reverter esse quadro – afirma Zaidan.
Os números mais negativos comparativamente aos da construção refletem a queda maior nas importações e produção de bens capital. Em relação ao trimestre anterior os investimentos encolheram 2,7%, o décimo trimestre consecutivo nessa base de comparação.
Na comparação com o PIB, os investimentos alcançaram 16,9%, uma queda de 2,6 pontos percentuais na comparação com a taxa do primeiro trimestre de 2015.
Vendas no varejo de material de construção sobem 1% em maio
As vendas no varejo de material de construção cresceram 1% no mês de maio, na comparação com abril deste ano. O desempenho ficou 1% acima do registrado em maio de 2015. No acumulado do ano, o setor apresenta queda de 11%, já nos últimos 12 meses, a queda acumulada é de 14%.
Os dados são do estudo mensal realizado pelo Instituto de Pesquisas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). O levantamento ouviu 530 lojistas, das cinco regiões do país, entre os dias 25 e 31 de maio. A margem de erro é de 4,3%.
Por conta do desempenho do setor nos primeiros cinco meses do ano, a Anamaco está revendo a expectativa de crescimento em 2016 de 6% para 3%, sobre 2015.
– Estamos passando por um momento de retomada de obras e de manutenção predial, mas de forma bastante irregular. O consumidor ainda não está 100% confiante para voltar a investir em reformas e novas obras, mas há a necessidade de readequar imóveis usados, ou porque estão à espera de novos inquilinos ou porque ficaram vazios. O número de divórcios e de casamentos também afeta o nosso setor diretamente e, nos últimos quatro anos eles têm crescido e batido recordes, mas ainda estamos enfrentando uma resistência do consumidor, que está preocupado com o atual cenário econômico e, portanto, está freando novos investimentos, principalmente em função dos estonteantes juros praticados pelo cheque especial dos bancos e pelos cartões de crédito, que estão acima da média de 12% ao mês, chegando a absurdos 700% ao ano em faturas atrasadas. As reformas estão acontecendo, mas não na escala necessária – explica Cláudio Conz, presidente da Anamaco.
Segundo o estudo, a Região Norte apresentou a maior variação positiva no mês, de 11%, seguida pelo Nordeste (4%), Sudeste (3%) e Sul (2%). Já o Centro-Ooste apresentou variação negativa de 3%.
Entre as categorias pesquisadas no mês, louças e metais sanitários foram as com melhores desempenho, crescendo 7% e 4% respectivamente. Revestimentos cerâmicos tiveram alta de 2% no período, já tintas, telhas de fibrocimento e fechaduras e ferragens não apresentaram variação.
De acordo com o levantamento, 52% dos entrevistados esperam que o mês de junho seja melhor do que maio, o que já reflete o aumento do grau de confiança no Governo, que subiu de 34% para 52% no período.
– O encaminhamento da solução política está afetando diretamente o setor. Apesar do Governo Federal ter anunciado cortes no programa Minha Casa Minha Vida, especialmente àqueles com faixa de renda familiar até R$ 1.800, a entrada de capitais estrangeiros nos primeiros cinco meses do ano foi muito superior ao mesmo período do ano passado. A expectativa é que novas medidas de liberação crédito comecem a irrigar as vendas no comércio nos próximos meses – declara Conz.
A pesquisa também indicou uma queda de 3% na intenção de contratação de novos profissionais, com relação ao mês passado, mas o índice varia de região para região e é mais positivo no Norte de Nordeste, que apresentaram os melhores desempenhos de venda no mês.