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“Há um pequeno problema. Karl Marx estava certo.” (Funky Business, p. 18)

Grande parte das questões da chamada era pós-industrial resumem-se implicitamente nessa sentença, o que pode, à primeira vista, parecer contraditório. Afinal, estamos na época do triunfo do capitalismo. Mas, de fato, Marx rinha razão quando pensava que os trabalhadores assumiriam o poder; eles detêm, hoje, o principal meio de produção de riqueza: o consumo. Através da escolha entre uma empresa e outra, um produto e outro, o trabalhador-consumidor decide aos poucos quem sobrevive e quem morre no mercado.

Essa questão provoca uma total mudança de cenário. Torna-se necessária uma total reformulação nas filosofias empresariais. Estamos lidando com situações complexas, que exigem todo tipo de raciocínio com o único objetivo de atingir o cliente. Muitos atribuem esse papel erroneamente apenas à propaganda e às vendas. Não percebem que, na verdade, a orientação para o mercado penetra e abala a própria espinha dorsal da instituição.

Uma primeira questão a ser levantada diz respeito à matéria-prima do futuro: o cérebro… e, com ele, a inovação. O funcionário deixa de ser braços e mãos e passa a ter valor por sua capacidade em ter idéias. Uma empresa só se diferencia de outra pelo mix de idéias que patrocina, movimenta e implementa.

Quanto mais idéias, mais diferenciada uma empresa pode se tornar. Diante disso, as empresas mais perspicazes buscam atrair e investir em talentos, formando equipes extremamente dotadas de potencial criativo. Mas não é tudo tão simples assim: isso deve alterar as relações de trabalho e produção de modo significativo. Grandes talentos não querem trabalhar em empresas que podam sua atuação e proíbem sua expressão, atrapalhando o trabalho com problemas burocráticos e irrelevantes. Grandes talentos querem autonomia para agir, ter idéias e falar.

A liderança, portanto, deixa de ser o título de gerente e passa para o nível do potencial de inspirar os talentos com sonhos e lhes fornecer o que for necessário para seu trabalho. Jack Welch manifestou esse insight com o plano de eliminar o elemento “chefe”. Seu ideal era criar uma grande meta e abrir espaço para as idéias, o que aos poucos passou a ser estimulado com o Work-out: todos os funcionários deveriam participar do processo de solução de problemas, desobstruindo seu caminho e o caminho da GE. Essas práticas aumentaram a produtividade e a agilidade da empresa, além de trazer uma motivação e remunerações/premiações extras para os funcionários.

Somando-se a desburocratização a esse quadro, o caminho fica livre para o crescimento real. As empresas de futuro devem ser ágeis, porque o mercado é ágil. Com a Internet e o desenvolvimento das redes colaborativas, surge uma expectativa de mundo instantâneo e resposta em tempo real que devem ser supridas, a começar pela comunicação dentro da própria empresa. Uma maior integração promove maiores resultados. E a burocracia representa um muro de papel no meio do caminho. O tempo é dispensado com protocolos, a produtividade cai. Por isso, todo o “papel” que atrapalhe deve ser jogado fora.

Uma outra questão, não totalmente isolada, mas igualmente primordial, é o surgimento da empresa global. As empresas globais possuem empreendimentos globais e assim se fortalecem diante da competitividade. Perseguem qualidade global. A GE, ao implantar a metodologia de qualidade Seis Sigma, estava com qualidade superior à da concorrência, mas não estava com qualidade internacional. Uma empresa, para ser global, deve buscar a excelência como uma obsessão e ser a primeira da fila, pois o vencedor leva tudo. Trata-se de perceber e aproveitar as oportunidades, se auto-avaliar e reavaliar, ser a “número um ou número dois”, no máximo. Eliminar qualquer atividade em que não haja destaque ou não se desenvolvam as competências necessárias para ter destaque é imperativo.

A exigência é pelo melhor. Os melhores talentos, os melhores líderes, os melhores produtos, a melhora empresa. A melhor comunicação, para informar ao público todas essas qualidades. O cliente espera o melhor de uma empresa para aceitá-la e permitir que ela sobreviva. As expectativas não param de crescer e o limite é eternamente superado. É necessário ter uma cultura de aprendizado, para oferecer o ideal sempre, se auto-reformular.

Evoluir é conseguir aprender todos os dias, da portaria ao escritório do CEO, e com o que está fora da empresa igualmente. As organizações globais não podem ter fronteiras, geográficas, burocráticas ou de idéias. A mensagem do mercado é muito clara e se traduz com precisão nas palavras de Jack Welch: “Mude, antes que seja tarde”. É com esse espírito que os executivos devem encarar a realidade atual. E é com essa visão que a inovação deve fazer parte de seu cardápio diário.

 

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