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Jornal do Brasil, Setembro, 2013
Daniel Domeneghetti*

Há tempos que uma marca deixou de ser apenas um nome, um apanhado de letras ligadas entre si. Aquela velha concepção de que a única mola propulsora de vendas e lucratividade eram os produtos em si foi embora a passos largos. A necessidade humana, que nas cadeiras de economia ensina serem elas  infinitas e os meios escassos, fez surgir o imperativo de se construir uma nova concepção de vendas.

O homem-consumidor moderno, que se afogou em preocupações, trabalhos, correria do dia a dia por necessidade da sobrevivência, acometeu-se pela carência de vida em sua própria vida. Então, dessa forma, mudou o rumo das coisas. Os prazeres efêmeros que sentia quando usava determinado bem, se antes constituíam fatores suficientes de satisfação e o motivavam a comprar, nos tempos atuais não mais constituem elementos de motivação. E alguns são os grandes carrascos desta lógica passageira, tais como as já rerefidas enormes dificuldades de sobrevivência, o excesso de trabalho, a correria do dia a dia, o excesso de preocupações.

O homem passou a precisar de algo mais do que simples prazer por si só. O homem passou a precisar de vida, de se sentir vivo. Assim o mercado impôs, por questão de sobrevivência própria, a fornecer vida. Mas com os poucos meios existentes esta era uma tarefa quase impossível de se cumprir. Foi então que supriram a carência dos meios com os sonhos. O sonho de uma vida melhor. O sonho de uma vida livre. O sonho de ser livre. De ser uma princesa, príncipe, rei e rainha.

A indústria, então, mudou o seu foco e passou a vender sonhos. Sonhos que saciavam a sede de vida. Sonhos que preenchiam as vontades mais íntimas e individuais dos seres, que aos poucos se perdiam durante a correria do dia a dia.

A indústria passou a vender estilo de vida, jeito de ser, de sentir, de enxergar, e, assim, passou a oferecer vida e a estimular o consumo. O consumo da vida.

Os produtos… meros objetos estimuladores e viabilizadores do sentido de vida. E com mãos fortes e com a voracidade de um tubarão, as indústrias logo se apropriaram dos sonhos e neles fizeram estampar as suas marcas, tornando-se, assim, as representantes do sonho e as supridoras das aspirações do homem. As marcas interferem na vida do homem porque enchem-no de vida, de satisfação, de prazer, e assim estimulam sua necessidade e fazem eclodir sua voracidade de sobrevivência. O homem paga para ter isso porque lhe parece necessário.

Assim, mais do que o próprio produto em si, a marca é fator determinante de venda e de lucratividade. Mas como em todo jogo da vida, dinâmico por natureza, a lógica vigente, que de há muito fez surtir a exigência de reconhecermos uma marca como ativo econômico da empresa, por outro lado, fez cair por terra e tornar quase prolixo e mentiroso o sistema contábil de uma empresa.

Porém, esta é outra história.

* Daniel Domeghetti é CEO DOM Stratety Partners, consultoria 100% nacional focada em maximizar geração e proteção de valor real para as empresas.

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