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Portal Diário da Manhã – Abril, 2014

Desde o ano 2000, fala-se muito sobre a chamada Sociedade do Conhecimento e como este novo paradigma de construção do tecido social, suportado por intensas trocas de informação em arquiteturas de rede, está mudando nossa visão de mundo, nossos conceitos e práticas cotidianas, como o modo de decidir, de trabalhar, de interpretar outras culturas e de se relacionar com outras pessoas em seus diferentes papéis sociais.

Ao longo do processo evolutivo da humanidade, diferentes estágios de desenvolvimento foram superados até que chegássemos à estrutura de pensamento atual. Muitas destas mudanças foram aceleradas ou iniciadas com a consciência, documentação, domínio e avanço da ciência, quando novas descobertas mudaram de forma significativa a percepção de mundo e o modus-vivendi das diversas sociedades existentes em cada época. Ao longo desse período, o mundo se viu diante do contínuo crescimento (em volume, qualidade, velocidade e disponibilidade) da capacidade produtiva e de beneficiamento da Informação.

Regimes sociais antes dominados pelo misticismo e pela intuição foram paulatinamente cedendo espaço para a realidade palpável, tendendo a deixar para o campo do imaterial somente as questões realmente inexplicáveis pela ciência – as chamadas questões elementares.

Por décadas e décadas, a humanidade tem ampliado sua visão e sua capacidade de compreensão sobre os fenômenos presentes no Universo e sobre si própria, a partir do desenvolvimento de domínios do saber e de tecnologias como a medicina, a psicologia, a política, a engenharia e a gestão, dentre outros.

Isto tem feito com que a cultura do pensamento racional, a partir da informação realmente verdadeira, venha substituindo os modelos imaturos de análise humana originários da ignorância de nossa origem e, ao mesmo tempo, se adaptando a um mundo em constante crescimento, caótico e paradoxal, porque mantém, como da natureza humana, seu explicável desejo de vínculo com o irracional, viabilizado por sentimentos e atitudes de fé e crenças individuais das mais variadas.

Em outras palavras, a socialização da informação rastreável, a partir dos diversos meios existentes, tanto presenciais, como remotos/digitais, tem potencializado a capacidade de compreensão e interpretação dos indivíduos, que se alimentam em rede de processos de trocas contínuas de informações em forma de opiniões, análises, experiências e de conhecimento explícito (leis, documentos, regras, etc). Mas, ainda sim, a natureza humana reforça seu vínculo com o sobrenatural, com o invisível, com seus objetos de fé. Independentemente desta natureza em si, a informação está presente em todo o lugar, das mais variadas maneiras, repetidas e validadas pelas mais variadas fontes.

A utilização desta informação, entretanto, ainda é desorientada – isso quando não manipulada para interesses pessoais, se comparada à utilidade que poderia trazer para o avanço da humanidade em todas as suas estruturas.

A solidificação e a apropriação da Era do Conhecimento pelo grande público, a partir de sua inserção nestas redes de informações multimídia, vêm descentralizando, transferindo poder e atribuindo convocatória a cada indivíduo, que passa a ser gerador de mídia, tornando-se ator no exercício de orientar o uso da informação a fim de se atingir um porquê, fato antes restrito aos grandes grupos de mídia e comunicação.Isto é, de fato, conhecimento como tecido social, pois é a informação beneficiada, analisada, transformada e aplicada para uma finalidade.

É do poder modelar a informação e devolvê-la para a Sociedade de uma forma estruturada e com valor agregado que se beneficia hoje o novo indivíduo social, que batizei de Homus-Networkus.

A Sociedade do Conhecimento é exigente perante a informação que lhe interessa, a partir de variáveis como acesso, velocidade, apelo sensorial e veracidade. Quem se propõe a oferecer Conhecimento (no limite superior, todos os agentes econômicos) a esta Sociedade necessita alinhar o binômio visão-tempo, tornando-se capaz de estruturar este Conhecimento para consumo. É isso mesmo. O Conhecimento passa a ser produto de consumo!

Hoje, vivemos um momento crítico da história, em que, pela primeira vez, os meios justificam os fins e que o produto final – o Conhecimento – importa, mas importa mais ainda o que ele será capaz de trazer em termos de experiência, valor agregado, transformação e evolução para cada indivíduo. Afinal, são das relações com o mundo a nossa volta que emergem os grandes insights, os grandes questionamentos, as inquietudes e os melhores pensamentos em cada um de nós.

A chave de nossa evolução, como Sociedade e como indivíduos, passa por maximizarmos o consumo de Conhecimento de cada um. E isto só é possível se cada indivíduo se plugar em redes e comunidades de trocas e aprendizado. É do sucesso do Homus-Networkus, do nosso sucesso socializado como tecido social, que dependerá o sucesso da humanidade vindoura. Não se engane.

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