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A Biometria é o ramo da ciência que estuda a mensuração dos seres vivos a partir de seus indicadores/características exclusivas e individuais, sejam físicas, sejam comportamentais. Dentre as mais comuns, estão a impressão digital, a leitura de íris e o reconhecimento de voz. Entretanto, vale lembrar que a Biometria é uma tecnologia bem mais antiga dos que estes padrões valorizados pela Internet.

Como prática, teve início com a Dactiloscopia (processo de identificação através de impressões digitais), aproximadamente pelo ano de 650 da Era Cristã. Durante a dinastia de Tang, na China, o código Yng-Hwui determinava que o marido, ao divorciar-se, desse um documento à sua recém ex-esposa, autenticando-o com a sua impressão digital. Aliás, a primeira vez que a impressão digital foi empregada para solucionar crimes foi aproximadamente no ano de 1300 D.C., na China.

Existem diversos outros relatos de utilização da Dactiloscopia, como no Turquestão, onde foram encontradas placas de cerâmica lavradas com as seguintes palavras: “Ambas as partes concordam com estes termos que são justos e claros e afixam as impressões dos seus dedos, que são marcas inconfundíveis”. As peças têm como data aproximada o ano de 782 da era Cristã.

Mas como funciona este processo de reconhecimento de indivíduos a partir de suas características individuais?

Para que o reconhecimento biométrico de indivíduos seja possível, é necessário que, primeiramente, sua voz, íris/retina, face, geometria da mão/dedos/palma, impressão digital ou jeito de andar, por exemplo, estejam cadastrados em um sistema apropriado. Essas características devem ser convertidas em um padrão único e armazenadas como um dado numérico criptografado em um banco de dados. Assim, para que o usuário tenha o acesso desejado, é necessário que ele apresente sua característica biométrica, que será comparada com o padrão criptografado no banco de dados.

Ainda sim, o método mais conhecido de Biometria é o da impressão digital, que consiste no reconhecimento das linhas existentes nos dedos de cada pessoa. Para que isso seja feito, é necessário um dispositivo que possa capturar essas linhas com um bom nível de precisão. Depois de capturadas, as linhas devem ser analisadas por um programa que capture a imagem e reconheça a digital.

Já o reconhecimento de íris é efetuado através de um raio laser que varre o olho da pessoa a ser identificada. Isso ocorre porque a assinatura biométrica da íris da pessoa é única. O reconhecimento de retina é muito parecido com o reconhecimento de íris (a diferença é que a leitura feita é a dos vasos sanguíneos, que formam um desenho único em cada pessoa).

Já o reconhecimento da face humana é feito com o mapeamento de vários pontos do rosto da pessoa. Esses pontos são capazes de determinar distâncias, proporções, tamanhos e formas do rosto, como, por exemplo, a posição das orelhas, dos olhos, nariz, boca, maçã do rosto, queixo, etc.

No reconhecimento geométrico de mãos, dedos e palmas é necessária a utilização de um scanner próprio capaz de mapeá-las. As imagens são capturadas e identificadas com o padrão da pessoa, já gravado anteriormente.

Por sua vez, o reconhecimento de voz confere propriedade à pessoa a partir da emissão de sons (ex. seu nome ou senha) em um microfone específico de captura que os encaminha para um programa que analisa os padrões harmônicos dessa amostra, ao invés de simplesmente fazer uma comparação entre a fala de uma pessoa com reproduções de uma mesma fala.

Entretanto, além dos padrões físicos, o modelo comportamento de reconhecimento biométrico vem ganhando corpo nas aplicações práticas, tanto criminais, como aquelas ligadas a serviços exclusivos, que demandam senhas e particularidades. Dentre os mais comuns estão reconhecimento de assinatura manuscrita, reconhecimento da dinâmica da digitação e reconhecimento na forma de caminhar.

O reconhecimento da assinatura manuscrita é feito através de um sistema que capta características como a pressão da caneta, velocidade na escrita, identificação dos movimentos da caneta no ar e os pontos em que a caneta é levantada ao ar.

Já o reconhecimento da dinâmica de digitação consiste em verificar o ritmo da digitação do usuário. Essa verificação é efetuada levando-se em conta a identificação da velocidade, espaço de tempo entre o acionamento de cada tecla, a intensidade da pressão, tempo que mantém a tecla pressionada e o tempo que leva para liberá-las. Por mais corriqueiro que pareça dificilmente uma pessoa conseguiria imitar tais características de outra.

O reconhecimento da forma de caminhar está sendo desenvolvido mais firmemente nos Estados Unidos e funciona com a colocação, no corpo da pessoa, de sensores que captam os movimentos. Esses movimentos são armazenados e a ideia é que câmeras de vídeo fiquem espalhadas em lugares estratégicos, para que as imagens captadas sejam comparadas com as que foram registradas pelos sensores.

Inegavelmente a Biometria trará grandes benefícios à humanidade em um futuro próximo. Um exemplo simples pode ser no consumo. Quando uma pessoa for fazer compras em uma loja, não será mais necessária a utilização de cartão de crédito. Com a leitura na íris da pessoa, armazenada no banco de dados de seu banco, o sistema informará se essa pessoa tem crédito, ou não.

Outra possibilidade interessante para a Biometria nos próximos anos será a possibilidade de uma pessoa, apenas com a pronúncia de uma senha ou de seu nome, entrar em um local de acesso restrito, como uma empresa, e ter acesso a funções, informações e serviços exclusivos.

A casa totalmente digitalizada e automatizada por comandos de voz e toque – a WebHome –, coqueluxe e grande desafio dos próximos anos, certamente será acionada por features de Biometria dos indivíduos que lá habitam. Idem para os aparelhos eletroeletrônicos e tecnológicos, todos devidamente convergentes para o padrão IP.

Fica fácil perceber que, seja por comodidade, seja por segurança, a Biometria será a adotada tanto por pessoas, como por corporações.

Por outro lado, apesar de inúmeras vantagens como as acima exemplificadas, a Biometria também abre um possível espaço para que alguns crimes sejam mais violentos do que hoje em dia. Por exemplo, na ocasião de um assalto, o assaltante ao invés de apenas roubar a carteira, ele poderia arrancar a mão ou o olho do assaltado para ter acesso a sua conta bancária ou a mesmo à sua casa.

Outro problema causado por um sistema global e onipresente de reconhecimento utilizando a Biometria seria a falta de privacidade a que as pessoas estariam potencialmente expostas. Por exemplo, ao entrar em uma loja, a pessoa seria reconhecida e, automaticamente, os vendedores teriam seu nome e preferências em mãos para poderem usar em suas vendas. Imaginemos o potencial de móbile spam a que estaríamos sujeitos, por exemplo.

Boa e má, a adoção mais massiva da Biometria é um grande dilema para a sociedade e seus atores (inclusive empresas, políticos, juristas, consumidores, etc). Como tudo que é inexorável, a tendência nos próximos anos é que a Biometria faça cada vez mais parte de nossas vidas. Cabe a nós nos decidirmos sobre que tipo de adoção nos interessa desta tecnologia e nos prepararmos para usufruirmos de seus benefícios e nos precavermos de seus potenciais problemas.

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