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A crescente monitória e exigência externa por parte de governos, sociedades e pela própria cadeia de valor das empresas (stakeholders em geral) são fatores de impulso desta tendência; porém, tal mudança no mindset e nas práticas das empresas não ocorre por altruísmo ou bondade incondicional, mas sim porque traz resultados econômicos (e financeiros!) para a empresa, para seus clientes e para seu entorno, em um ciclo virtuoso de ganha-ganha.

A compreensão da necessidade de se evoluir da simples busca por rentabilidade, lucratividade e demais indicadores puramente financeiros para um horizonte mais amplo de mensuração de resultados corporativos, que contemple os aspectos sócio-ambientais como parte do bottom-line das empresas (triple bottom line), tem se tornado quase imperativa às companhias que desejam competir com excelência.

Para ser verdade, essa compreensão deve permear desde os objetivos estratégicos da organização até sua consciência, processo decisório, cultura corporativa e conduta de seus funcionários, colaboradores e líderes, de forma que o Walk the Talk (ser o exemplo do que se quer ver no mundo, aplicar o que o discurso prega) e também o Talk the Walk (comunicar e disseminar o conhecimento e práticas desenvolvidas, com a finalidade de influenciar os diversos públicos de interesse para uma ação sustentável) efetivamente aconteçam.

 

Líderes tomadores de decisão, capazes de projetar cenários que antecipem um futuro provável, tanto pela dimensão econômica, como social e ambiental devem ser potencializados imediatamente. Aqui está o senso de urgência da sustentabilidade.

A perspectiva empresarial tradicional restringe o escopo de análise de risco a fatores locais que ameaçam a integridade dos ativos corporativos mais tangíveis, tais como mão-de-obra, estoques e equipamentos essenciais ao processo produtivo, gravitando em áreas como saúde e segurança ou ainda na forma tradicional de incêndios e enchentes que podem danificar a infra-estrutura da empresa e seu entorno.

No contexto da sustentabilidade, essa visão tradicional deve ser ampliada para os mega-riscos.

Os mega-riscos estão no campo da intangibilidade ou da tendência de médio-longo prazo, sejam eles locais ou globais, e apresentam-se de muitas formas, como instabilidade política social, proteção da marca e reputação, sabotagem, pandemias, terrorismo, corrupção, aquecimento global, escassez de água, apagão de mão-de-obra, deficiências tecnológica e de incentivos à inovação, dentre outras.

As características de causa e efeito dos mega-riscos são holísticas, sistêmicas e de longo prazo. Em tese, todos nós deveríamos, como empresários, executivos, trabalhadores, políticos, cidadãos e consumidores, estar atentos a eles e trabalhar para identificá-los, mitigá-los e controlá-los. Entretanto, esta tarefa é ainda inglória, pois faltam líderes e políticas de consenso amplamente adotadas pelos diversos players e partes interessadas em cada tema-ameaça da sustentabilidade, seja social, seja ambiental.

Dentre estes consensos estão questões como o Protocolo de Kyoto, as Metas do Milênio e os Princípios do Equador, que deveriam ser amplamente adotados por todos, o que não ocorre.

Parte disso se explica porque, dentre outros fatores, o ser-humano não foi treinado para prestar atenção a riscos de médio-longo prazo, porque são teoricamente pouco materiais.

Entretanto, enfrentá-los é preciso. A agenda para “erradicá-los” coincide com a agenda da sustentabilidade, devendo estar conectada à indução de uma boa e transparente articulação no mundo tripolar (empresas, governos e sociedade civil organizada), valorizando sempre o diálogo e a co-construção com os stakeholders. O resto da receita deve incluir o pensar no impensável, procurando sempre a antecipação para mudar os cenários de risco. Tarefa difícil, para poucos líderes. Mas desde quando salvar o mundo é missão trivial?

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