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Desde Karl Marx, a dicotomia fundamental da economia moderna está pautada na relação entre o Capital e o Trabalho. O Capital (Empresa) propicia o Trabalho (Funcionário) que, por seu lado, é a base da Sustentabilidade do Capital, através da dinâmica do consumo (oferta e procura).

De lá para cá, as formas com que as empresas abordam os dilemas intrínsecos a esta relação, através de sua cultura corporativa, evoluíram em compasso com a evolução humana, científica tecnológica, etc. Porém, poucos foram os momentos em que a inovação para a renovação estrutural e sistêmica de velhas soluções foram tão prementes.

Para sobreviverem e se perpetuarem, as culturas corporativas devem cada vez mais prezar pela flexibilidade e adaptabilidade às novas tendências e demandas que se amplificam principalmente a partir da evolução tecnológica, da chegada de novas gerações ao mercado de trabalho e das mudanças sistêmicas demandadas pela iniciativa privadas, pública e civil, caracterizadas pela bandeira da Sustentabilidade.

A aplicação da Sustentabilidade nas organizações representa a “Compreensão dos Impactos Econômicos, Sociais e Ambientais de uma Empresa sobre seus Stakeholders e Entorno e a Adoção de Modelos, Programas, Projetos, Práticas e Ações que Permitam Garantir e Potencializar o Equilíbrio destes 3 Aspectos no Presente e Futuro” e a evolução de sua adoção e aplicação nas organizações passa por considerar o conceito de Geração e Proteção de Valor Tangível e Intangível aos 3 Pilares da Sustentabilidade. Tal evolução contempla:

  • Valor: o conceito de Valor está relacionado aos aspectos tangíveis e intangíveis em relação ao resultado de uma determinada ação.
  • Aspectos Tangíveis: se relacionam aos resultados tradicionais e palpáveis propriamente ditos, que podem ser contabilizados nos balanços das empresas. É a forma tradicional de se avaliar os resultados, através de indicadores de performance e processos.
  • Aspectos Intangíveis: se relacionam aos resultados associados à percepção, positiva ou negativa, dos diversos públicos de interesse de uma determinada organização em relação à sua proposta de valor, atuação e resultados tangíveis obtidos. Tais aspectos intangíveis estão diretamente relacionados ao grau de satisfação dos públicos em relação a determinado tema ou prática. Uma vez percebido valor em um resultado tangível, este realimenta um ou mais ativos intangíveis para a empresa, tais como marcas, credibilidade, conhecimento e relacionamento, dentre outros.

Apenas a partir de uma visão sistêmica e integrada, que contemple as externalidades econômicas, sociais e ambientais de cada negócio, área ou atividade, as empresas poderão definir suas estratégias, planos e ações visando à geração e proteção de valor econômico, social e ambiental tangível e intangível de forma equilibrada intrínseca e em relação às demandas de seus públicos… públicos estes que incluem, prioritariamente, seus próprios Funcionários e Colaboradores.

Dessa forma, uma revisão do modelo de Recursos Humanos, sob a lente de uma releitura do modelo de negócio e atuação das empresas para a Sustentabilidade, é parte essencial do caminho a ser trilhado.

As áreas e departamentos de Recursos Humanos têm o desafio central de tornar a cultura corporativa de suas organizações em um ativo de diferenciação, tanto na entrega e contribuição para a estratégia corporativa, quanto para os funcionários e colaboradores atuais e novos funcionários (principalmente), cada vez mais reticentes em aderir de forma integral aos valores, diretrizes, políticas, modelo de atuação e planos de carreira/evolução profissional propostos pela empresa.

Nada mais natural, uma vez que, em nível individual, equilibrar as responsabilidades profissionais e pessoais, garantindo qualidade de vida e bem estar, tem se tornado um paradoxo dentro dos modelos de trabalho atuais. Na prática, rotinas fixas de 8 horas de trabalho (tomadas em grande parte por reuniões) têm se tornado insuficientes para se atingir a performance, metas e resultados desejados.

A “milha extra”, no final do dia, deixou de ser a exceção e virou o padrão, que somadas às 2 horas de trânsito para ida e volta do trabalho, tornam a equação profissional cada vez menos atrativa, seja para o trabalhador (em termos da insatisfação com sua vida), seja para a empresa (em termos da insatisfação com sua performance e resultados).

A aplicação da Sustentabilidade para o indivíduo trata de garantir o melhor equilíbrio entre suas expectativas, percepções e necessidades, da sobrevivência à auto-realização (Aspecto Social) e a natureza e meio-ambiente (Aspecto Ambiental), através de seu trabalho e utilização dos recursos abundantes e escassos (Aspecto Econômico)

Ou seja, se o equilíbrio dos pilares da Sustentabilidade não está presente no dia a dia, no âmbito individual, certamente não estará também no âmbito coletivo, o que significa a manutenção de modelos insustentáveis de atuação.

O ponto é que a insustentabilidade do ser coletivo empresarial atingiu seu ponto crítico de ruptura, o que leva à questão fundamental: o que você e sua empresa têm feito para solucionar esta questão?

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