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Do casulo à borboleta: a era digital e a empregabilidade dos novos tempos

Administradores, Novembro, 2018

A quarta revolução industrial gera um efeito determinante sobre o ânimo das empresas em relação à área de RH. A grande mudança contempla a necessidade de que o departamento de Recursos Humanos assuma um papel cada vez mais estratégico nas organizações.

A constatação é do levantamento que fizemos (estudo exclusivo da DOM Strategy Partners), realizado com 594 vice-presidentes e líderes de RH de grandes companhias instaladas no Brasil. A mesma pesquisa aponta que para 78% dos entrevistados a questão humana-profissional nas empresas deverá receber menos investimentos do que o necessário. O foco será em recursos, principalmente os tecnológicos.

Com isso, a empregabilidade vira um diferencial tema relevante quando se trata das tendências do trabalho e seu relacionamento com as organizações empresariais. O próprio termo, por si só, muda o enfoque convencional do emprego e também em como o RH deve se preparar para captar e potencializar o novo colaborador, fruto da era digital.

Empregabilidade relaciona-se à capacidade de um indivíduo manter-se empregável ao longo do tempo, mesmo que potencialmente, e não de estar empregado, ou de simplesmente conseguir um emprego.

Isso requer, dentre outros, atualização contínua, curiosidade focada, abertura ao novo, disciplina, autonomia, diferenciação real percebida em alguma habilidade ou conhecimento e boa dose de empreendedorismo.

Para se ter uma correta ambientação, faz-se necessária uma extrapolação do conceito de empregabilidade no sentido de relacioná-lo também à atividade empresarial que, a cada vez mais, deve se caracterizar como a alternativa mais consistente para muitos dos profissionais de alto nível.

Os efeitos da transformação digital, intimamente ligados à globalização, e internetização e do consequente acirramento da competitividade, geraram e, continuarão gerando, mudanças significativas nas estruturas organizacionais das grandes corporações, que terão consequências importantes de qualificação associada à redução dos quadros de funcionários. Em linhas gerais, menos gente, melhor, fazendo mais coisa que mais gente pior, fazendo menos coisa.

A opção por tentar se empregar em uma corporação parece restrita até porque este efeito de redução qualitativa deverá ser generalizado.

Sendo assim, o termo empregabilidade, no atual contexto, refere-se a manter-se trabalhando e ser remunerado compativelmente por isto. Ou seja, garantir valor pessoal que seja reconhecido e relevado como base de sustentação para a troca financeira representada pela remuneração/compensação.

Este conceito de valor já sugere uma das características importantes da empregabilidade. Se uma empresa deve vender valor e, se todas as pessoas ligadas à mesma devem desempenhar atividades que o incrementem, então empregável será o profissional de iniciativa que conseguir entender o negócio da companhia como um todo e focalizar seu trabalho justamente nas atividades de valor reconhecido.

Um dos aspectos mais discutidos acerca da empregabilidade é a abrangência do conhecimento do profissional. Trata-se da disputa entre a visão generalista e a técnica. O que se percebe, hoje, é que todas as empresas vão precisar de generalistas e técnicos em seus quadros.

O ponto crítico da questão é que não adianta ser um generalista arbitrário e, nem tampouco, um técnico com visão curta.

Em outra análise, é possível se traçar um padrão em que a chave para o sucesso profissional não é o grau de especialização, mas, sim, o grau de adaptabilidade. O que as empresas e o mercado procuram são pessoas que tenham uma alta capacidade de se adaptar, de absorver conhecimentos e incorporar habilidades rapidamente, de modo a se adequar às mudanças, atualmente tão repentinas.

Adicione-se a isto à necessidade de aprendizagem e “desaprendizagem” contínuas e, por que não dizer, instantâneas.

Como característica adicional básica da empregabilidade a ser discutida encontra-se a postura individual, a famosa atitude do profissional em relação ao trabalho. Esta postura é um complemento profissional marcante ao conhecimento e às habilidades.

A base para um processo de delegação de autonomia sem necessidade de muito controle e do estabelecimento consistente de boa liderança é trabalhar com pessoas que façam com que as coisas aconteçam por suas próprias mãos.

No final do dia, somando tudo o que foi dito anteriormente, empregáveis são aquelas pessoas que não precisam esperar uma ordem de alguém, que está esperando a decisão de um superior que, ao que parece, está incomunicável numa viagem de discussões estratégicas nas águas do Caribe.

Daniel Domeneghetti — Especialista em estratégia corporativa e CEO da E-Consulting, consultoria 100% brasileira, líder em criação, desenvolvimento e implementação de serviços profissionais em TI, telecom e internet.

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